RUTE DOMITILA DE AZEVEDO
Jornalista de formação, diz que desistiu da lide por amor à expressão: depois de duas décadas e meia a trabalhar no ofício, Rute Domitila de Azevedo decidiu escrever apenas o que a faz sentir próxima ao que chama “a ‘sua’ ‘Verdade’”. Conduzida pelas descobertas que fez através do seu amor à natureza, dedica-se à “arte de viver a expressão natural” e vai registando, em apontamentos curtos ou em forma de livro (como em “Rosas para Serena”), aquilo que acredita estar de acordo com sua crença.
Natural de São Paulo e filha de pais baianos, tem em Caxias, uma vila próxima de Lisboa, o seu atual paradeiro.
Nós, os homens
Nem brancos, nem mulatos, negros ou pardos, amarelos e muito menos vermelhos.
Pretos.
Azuis.
Tangerina, limão, melancia, melão: nada. E muito menos homens, sequer mulheres.
Nem à direita ou à esquerda, desequilibrados ao centro com os dedos apontados para quem? (“Eu sou isso, aquele é aquilo; o de lá veste verde e o outro é o vizinho… - Ah, o vizinho! Aquele que desconheço e incomoda-me com o ronco da motocicleta à meia-noite e eu, que acostumei-me ao que chamei incómodo, não desapeguei-me da mágoa!)
Eu não sou isso e aquele não é assim. Ou assado.
Nem fritos e nem cozidos.
Estamos vivos.
Nós, os homens. Humanos.
Outubro
O meu outubro é rosa.
E azul, como o céu de um lindo dia; verde, como as matas profundas; amarelo como a riqueza que esbanja o ouro e branco como a mais delicada das nuvens. O meu outubro é violeta, laranja, castanho, preto, bordô, roxo, bege, doce, sereno e fantástico! O meu outubro, que já vai quase a meio, é tudo, absolutamente tudo - porque a tudo comporta quando espelha aquilo que sou na minha essência: amor.
Desconheço o justo e o injusto porque estou absolutamente certa do quanto posso estar enganada.
Daquilo que somos (todos, indistintamente)
Cabe à natureza e somente a ela, a resposta. E ela virá com o tempo, indiferente à minha gana, mas atenta à minha ternura.
Falham as minhas convicções, falham os meus credos, falha a minha filosofia, mas sei, de certo, que não posso fazer da intransigência, do preconceito ou da intolerância alheia a minha.
Todos (indistintamente) temos responsabilidade em construir um mundo (muito) m
ROSAS PARA SERENA
"Quanto mais amor houver, que mais haja": esta frase, escrita pela personagem principal do livro Rosas para Serena, de Rute D. Azevedo, pode ser a receita para transformarmos as nossas vidas. Inconformada com a morte da mãe, Clara encontra uma porção de cartas e revisita as suas memórias. O luto, pouco a pouco, rende-se à compreensão de que nada há para além do amor.